Como mencionei no post sobre Recife, Olinda e Porto de Galinhas, eu emendei as duas viagens. Aproveitei o período de férias de 15 dias em agosto de 2015 para ficar uma semana no Nordeste, sozinha, e a semana seguinte com meu “trio ternurinha” no frio do inverno argentino, em Bariloche.
Só eu mesma. Literalmente, uma pessoa de extremos…
A travessura foi sair de casa com uma mala com biquínis, cangas, shorts e chinelos, e no saguão do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no retorno do Nordeste, fazer a troca por uma mala que deixei pronta em casa, cheia de casacos, blusões de lã, botas, cachecóis, gorros, etc.
Saudosas depois de uma semana longe, eu e as crianças embarcamos animadas para passar uma semana em Bariloche, na Argentina. Emoção para as meninas, para conhecerem a neve.

Depois de uma conexão em Buenos Aires, chegamos em Bariloche já no início da madrugada, num frio de rachar. O taxista nos levou até o hotel reservado, o Dut Club Bariloche, longe pacas do aeroporto e do centro da cidade.
Já era meio da madrugada quando nos instalamos no fofinho de nosso chalezinho às margens do Lago Nahuel Huapi, que foi nossa “casinha”, onde nos abrigamos do inverno rigoroso de Bariloche por uma semana, graças à santa calefação.

Na primeira manhã em Bariloche, acordei bem cedinho, ouvindo um barulho, um “gorgolejar” de aves do lado de fora. Pela janela, me deparei com o dia amanhecendo lindo, um céu azul, e dezenas de papagaios, caturritas, sei lá a espécie dos pássaros, apinhados em araucárias localizadas no grande gramado central do hotel. Uma cena animadora para o início de nossa viagem.
As crianças dormiram até mais tarde, enquanto eu fui para a cozinha preparar meu chimarrão. Da sacada do chalé, nos fundos, visualizei o lago que circunda o hotel, emoldurado pelas montanhas cobertas de neve (os “cerros”). Raro momento de solitude e contemplação da bela natureza. Hora de agradecer a Deus por ter permitido a mim e às minhas filhas estarmos ali.

Crianças acordadas, tratamos de nos vestir com todo o aparato de inverno que trouxemos e fomos para o restaurante tomar o café da manhã. Café meia boca, mas resolveu. Foi a única refeição que fizemos no restaurante, porque tratei de ir ao supermercado e comprei tudo o que precisava para preparar no nosso chalezinho mesmo. Muito bom!
No restaurante conhecemos uma família paulista, com duas crianças da idade das minhas, o que já resultou em combinações para brincadeiras no pátio, nos chalés e na recepção do hotel.
Neste primeiro dia já apurei na recepção do hotel detalhes sobre os passeios possíveis e me propus a aproveitar ao máximo tudo que poderíamos conhecer. Dei um cansaço na criançada!
Na mesma tarde partimos para nosso primeiro tour: um passeio de barco no Lago Nahuel Huapi, conhecendo a Isla Victoria e o Bosque de Arrayanes. Passeio de estréia muito legal, as crianças curtiram muito. O vento gelado maltratou um pouco, mas o visual era arrebatador.



Para o segundo dia alugamos todo o aparato de neve, macacões impermeáveis, botas, óculos, mais as toucas, cachecóis e fomos para Piedras Blancas. Foi o encontro das crianças com a neve. Certamente, foi o passeio que elas mais curtiram em Bariloche.

Fiquei emocionada com a alegria delas, se esbaldando na neve. Subimos várias vezes o cerro com teleférico e descemos de skibunda. Muitas risadas.
Mas tivemos que conviver com neve dentro das botas, congelando os pés, dedos vermelhos de frio, etc. Mas valeu muito a pena.
Retornamos exaustas para o hotel. Nos paramentar com as roupas e equipamentos para neve e depois tirar tudo dá um cansaço danado. Aliado às brincadeiras, nossa… Nessa noite, depois de jantar no nosso chalé quentinho, dormimos feito anjos.
Num outro dia fizemos a subida de teleférico até o Cerro Campanário. De lá se tem uma visão privilegiada de toda a região de Bariloche, o lago e as montanhas. Um frio de rachar, claro. De lá seguimos fazendo o Circuito Chico, que é um tour pelos arredores da cidade, de van, com paradas em pontos interessantes. Bem legal.

Vista do Cerro Campanário, com muito vento e frio

Num outro dia fomos até o Cerro Otto, de teleférico também, com mais vistas lindas da região. E muita neve!

Reservamos um dia para “tentar” esquiar em Cerro Catedral. Para ir até lá usamos um táxi, onde conhecemos o “condutor” Daniel, uma figuraça. Ele é um tipico argentino, contava histórias, charmoso, um sedutor. Ficou conosco deste dia em diante, nos carregando para os passeios em seu táxi, virou babá das crianças, carregador de sacolas, animador. Cantava enquanto dirigia. Muito divertido!

Sobre esquiar: gente, achei muito difícil! Se bem que, as circunstâncias eram agravantes. Meu trio também queria aprender a esquiar. E daí foram muitos tombos, reclamações, choros. Eu me cansei muito, mas até que dei umas deslizadas montanha abaixo.
Na verdade, os esquis serviram mais para as poses nas fotos e algumas tentativas de esquiar. As crianças logo cansaram da brincadeira e daí, ainda bem, que tinha o Kids Club do Cerro Catedral. Levei as crianças para aquele espaço com brinquedos, monitoras e lanchinhos. Bem abrigadas na calefação. E a teimosa aqui retornou com seus esquis para a neve, e insisti em esquiar, mais um pouco. Quando estava mortinha de cansada, devolvi todo o equipamento alugado na loja e fui buscar as crianças. Táxi de Daniel novamente e retornamos ao hotel. Antes uma paradinha no mercadinho para comprar os itens para preparar nosso jantar em nossa cabana, mais um vinho argentino “de fundamento” para mamãe aqui e… cama. Exaustas!
Um dia de nossa estada em Bariloche foi reservado para conhecer Villa La Angostura. Fomos num tour privado com nosso “condutor” Daniel, de táxi. Muitas paradas para fotos, até congelar no vento frio, cantoria de Daniel no carro, agitos da criançada, almoço num restaurante muito bom em La Angostura, e depois as crianças fizeram uma soneca.

O trajeto entre Bariloche e Villa La Angostura é muito bonito. Grande parte dele vai margeando o Lago Nahuel Huapi. Daniel nos levou para uns lugares muito bonitos, uns recantos que, tenho certeza, não conheceríamos se fossemos num tour em grupo. E ele com uma santa paciência, nos levou até quase a fronteira com o Chile.
Retornamos no final da tarde, mas ainda com disposição para curtir um pouco o centro da cidade, as lojas de chocolate e souvenirs. Numa esquina, pausa para fotos com o cachorro “Paton”, da raça San Bernardo. E um pitstop na Pista Uno, para passar mais um pouco de frio, patinando no gelo.
Realmente, foram dias intensos. Cheios de atividades, a mamãe aqui deu um cansaço no meu trio. Retornamos na manhã de um domingo. Perto do meio-dia fizemos uma conexão de cerca de duas horas e meia em Buenos Aires.

E é claro que nós não ficaríamos encerradas dentro do aeroporto com Buenos Aires lá fora. Só atravessamos a avenida e estávamos no calçadão, na beira do Rio da Prata, um calor maravilhoso, depois de uma semana de tanto frio, neve, vento frio.
As crianças se esbaldaram, correndo, aproveitando a orla. De almoço lanchamos “choripans”, típico lanche portenho.
De Buenos Aires seguimos para Porto Alegre, e depois, mais cinco horas de carro até chegar em casa. As crianças já saudosas de suas rotinas, ansiosas para contar as novidades para o pai delas, os amigos, os colegas e professores da escola. Ficou na memória lindas paisagens da neve, das montanhas, do verde das matas, dos lagos, nossas aventuras pelas rutas argentinas, as bagunças, risadas, e até das brigas. Nos curtimos e nos suportamos. Foi show!
Créditos para a edição das fotografias deste post: Elisa Mendes Fotografias
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