O tempo é veloz…
Já se passaram quarenta dias desde a data de minha chegada à Santiago de Compostela, quando então concluí a peregrinação de 32 dias no Caminho. E daqui a mais alguns dias o calendário marca um mês de meu retorno ao Brasil.
Nossa, tanta coisa vista e vivida… Tantas experiências, sensações e emoções… Minha mente se encontra agora num emaranhado de lembranças acerca do Caminho, de pessoas que conheci, com quem interagi, de paisagens, de amanheceres e pores do sol, de sensações, de gostos e cheiros, da beleza de tantas igrejas, monumentos, cidades, praças. Tudo isso ainda misturado com a segunda etapa da viagem, quando então a peregrina transmutou-se numa viajante mochileira, visitando algumas cidades da Espanha e Portugal.
Desde que cheguei em casa, ao mesmo tempo que sinto necessidade de me organizar mentalmente, de ordenar as lembranças da viagem, também me dou conta da dificuldade da tarefa de escrever sobre uma experiência tão longa e intensa. De uma coisa tenho certeza: preciso escrever. É pelo exercício da palavra que eu me reconheço, organizo e revisito minha memória. E eu quero muito escrever sobre O Caminho.
Mas, por ora, pretendo apenas justificar a minha ausência, o meu afastamento das postagens aqui no blog.
Ainda antes de sair em viagem eu já havia me predisposto a não escrever durante O Caminho, porque queria me fixar na experiência da peregrinação, sem outras ocupações e preocupações. E assim foi. Apenas algumas poucas anotações num bloquinho, relatos curtos e fotos em um grupo de Whatsapp e deu.
Concluída a peregrinação fui viajar algumas cidades como Porto, Guimarães, Braga. Depois Madrid, Ávila, Toledo. E no Stopover da TAP em Lisboa, aproveitei para conhecer a capital portuguesa, além de Fátima, Sintra e Cascais.
No retorno ao Brasil, minha vida entrou num turbilhão de intensas atividades. Estranhei muito. A exaustão do corpo e certa confusão mental denunciaram o quanto eu senti a diferença de ritmos. Daquele que eu mantinha no Caminho – tranquilo, repetitivo e introspectivo – para o ritmo que tive que encarar na volta para casa, para a rotina dos afazeres diários, cuidados com a família, compromissos sociais e de trabalho. O baque foi grande.
Percebi que minha energia vital desestabilizou em virtude de tantas demandas. Mas agora, passado algum tempo, estou mais tranquila, iniciando a me reorganizar e recapitular mentalmente, e também espiritualmente, tudo o que foi vivido nestes 47 dias de viagem. E não foi pouca coisa não.
A prova de meu reinício é este texto. Pra dizer que “Sim! Eu tenho muito a contar, a compartilhar, sobre minha experiência e as lições que aprendi no Caminho de Santiago”. Agora, é ter calma, que as coisas vem vindo, O Caminho vem se apossando de mim. E afinal, bem sei, ainda me encontro nele.
Links relacionados:
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O Meu Caminho – Roteiro – Espanha
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5 comentários em “O Caminho de retorno ou O retorno do Caminho…”