No último dia em Trujillo as peruas foram novamente bater asinhas pela cidade. Tivemos a manhã livre, um tempo necessário para organizar nossas malas, guardar as roupas que lavamos no box e na pia do banheiro do hotel (peripécias de mochileiras, tiramos de letra!). Tomamos um café da manhã tranquilo e caprichado no salão do hotel e depois fomos pra rua. Fizemos nosso próprio walking tour no Centro Histórico, visitamos alguns prédios em estilo colonial espanhol e depois almoçamos por lá mesmo.
Acessando os links abaixo se pode ler outras narrativas de nossa Trip Peruana 2018:
Laguna Llanganuco ou Chinancocha – Huaraz – Peru
Adiós, Huaraz! Hola, Trujillo! – Peru
As riquezas da Região Norte do Peru – Peru
Depois do almoço fomos até o escritório da Trebol Turismo para aguardar o horário da saída do grupo para nosso último passeio na linda cidade de Trujillo.
Trujillo é conhecida como “Cidade da Eterna Primavera” devido ao seu clima agradável e ensolarado, dando a impressão de não variar com as mudanças sazonais ao passar do ano.
Seguimos num micro ônibus com nossos companheiros de passeio. Nossa primeira parada foi numa estância, para conhecer os cavalos Paso Peruano. Fomos a platéia de um lindo show proporcionado pelos cavalos, cavaleiros e dançarinos, que formavam um balé perfeito.
Trujillo é famosa por seus destaques culturais: a dança Marinera e os cavalos Paso Peruanos. O cuidado e o treinamento dos cavalos Paso em Trujillo são uma tradição muito antiga. Estes cavalos, criados por mais de 300 anos, são considerados os melhores cavalos de sela do mundo, por terem um passo tão leve. O cavaleiro quase não se move durante os shows: o chamado “Chalán” permanece quase imóvel no cavalo.
A Marinera é uma dança de casais graciosa e romântica, que usa lenços como adereços. A dança é uma elegante e estilosa encenação de um cortejo, e mostra uma mistura de diferentes culturas peruanas. A dança em si tem ganho um grande reconhecimento, e é hoje uma das danças mais populares e tradicionais do Peru. Desde os anos de 1960, durante o mês de janeiro, acontece em Trujillo, capital nacional da dança Marinera, o Concurso Nacional de Marinera Norteña.
Depois do show na estância seguimos para a Huaca del Sol e de la Luna. Um dos mais importante sítios arqueológicos de Trujillo. Na verdade apenas a Huaca de La Luna está aberta para visitação, e ela é referência para a Cultura Mochica (ou Moche). Com relação à Huaca del Sol se faz apenas o “avistamento”.

As duas Huacas formavam um importante centro da cultura dos Mochicas, a Huaca de La Luna, foi o templo urbano e religioso, onde aconteciam as cerimônia de sacrifício; e a Huaca del Sol, era o local onde viviam os governantes da época. Entra as duas ficavam o povoado com suas casas e um cemitério.
Foi um tanto chocante escutar o relato da guia detalhando os sacrifícios humanos realizados no local.
Os desenhos e a complexidade dessas construções mostram a grandiosidade do povo Mochica, um belo e impressionante conjunto arquitetônico. As construções eram constantes, e em nossa visita pudemos conhecer o Tempo Velho e o Templo Novo; este último construído após o fenômeno do El Niño destruir a construção do primeiro.
O povo acreditava que era a fúria dos deuses contra eles, logo, abandonaram a construção antiga e começaram a construir o novo centro, o Templo Novo.
Foram encontrados 5 pisos, e os estudiosos acreditam que a cada 100 anos um novo “prédio” era construído sob o anterior. Era uma forma de fechar um ciclo para iniciar um novo período, de forma que cada construção ficava mais larga e mais alta que a anterior.
Finalizamos a visitação na Huaca e retornamos com o transporte para a Plaza de Armas de Trujillo onde nos despedimos do grupo. Demos uma rápida passada no supermercado para comprar frutas e lanches para comermos durante a viagem de ônibus e fomos para o hotel. Tomamos banho, fechamos as malas, fizemos o check out e pedimos um táxi para nos levar até o Terminal de Buses da empresa Ortusa. Mais uma emoção extra: o trânsito da cidade estava em horário de pico, caótico, com muito engarrafamento. Por conta disso quase perdemos o ônibus para Lima. Embarcamos faltando cinco minutos para o horário da partida.
Depois de normalizar os batimentos cardíacos, foi uma delícia quando nos instalamos em nossos assentos e constatamos que o veículo era muito confortável. Pra quem tinha previsão de 8 horas de estrada, um alento e tanto.
Por conta disso, chegamos “em perfeito estado” em Lima, por volta das 6 horas e 30 minutos da manhã. Com nossa bagagem em mãos, pedimos um Uber, que nos levou até o aeroporto. Tínhamos um bom tempo de espera. Nosso vôo com a Peruvian estava previsto para às 14 horas. Conectadas à internet do aeroporto o tempo passou rápido.
O vôo saiu pontualmente e foi tranquilo. Depois de 1 hora e 20 minutos eu e a Lu estávamos novamente no “Viejo Cusco”, 3 anos depois de nossa primeira estada em terras peruanas, viagem narrada aqui no link Peru .
Cusco é um daqueles lugares que emana uma atmosfera mágica, uma energia incrível. Por conta disso, foi um privilégio poder retornar ao antigo centro do império inca, o Marco Zero deles, o “umbigo do mundo”.
Tomamos um táxi do aeroporto até o Hostel Pariwana, onde já havíamos reservado camas. O Pariwana foi o mesmo hostel onde nos hospedamos em nossa estada anterior em Cusco. Tínhamos ótimas lembranças do Pariwana, e fizemos questão de repetir a experiência. O lugar continuava com a mesma vibe mochileira, festeira, uma torre de babel, sotaques de jovens do mundo inteiro circulando pelas salas, agitando nas áreas de convívio social.
As peruas só esqueceram que em 3 anos nós mudamos… Detalhe: inventamos de reservar camas num dormitório misto (feminino/masculino) com 10 camas, banheiro no corredor, SEM janelas, ou seja, o ar se renovava apenas pela abertura da única porta. Aff… que sufoco (literalmente)!
O que ficou dessa experiência é que a passagem do tempo nos fez mais exigentes, em todos os sentidos. Não precisamos viajar com luxos, mas o mínimo de conforto e privacidade hoje fazem a diferença na hora de dormir, de descansar de tantos agitos do dia. Uma viagem como essa que fizemos, cheia de aventuras, treekings, deslocamentos, passeios, requerem uma hospedagem que nos proporcione conforto básico e um sono reparador. Ou seja: dormitório coletivo, principalmente com tantos colegas de quarto, acho que não rola mais.

No concierge do hostel acertamos nosso passeio para o dia seguinte, um dos motivos para nosso retorno à Cusco: fazer a trilha até a famosa Laguna Huamantay. Pagamos 100 soles pelo passeio.
Tudo encaminhado para nossa programação, fomos dar uma volta na Plaza de Armas e resolver sobre nosso jantar. Aproveitamos para comprar alguns regalos nas lojinhas de artesanato instaladas no entorno da Plaza, caminhamos por ruelas já conhecidas. Uma delícia isso…

Optamos por jantar num restaurante instalado num sobrado, escolhemos uma mesa localizada no piso superior, junto à janela envidraçada, e nos regalamos com uma linda vista da Plaza de Armas toda iluminada. Foi muito especial essa visão, conhecida e ao mesmo tempo nova! Uma emoção só! As peruas comemoraram brindando com pisco sour e comendo uma legítima sopa de quinoa peruana.
Saindo do restaurante, ao atravessar a Plaza de Armas, nos deparamos com um grupo de dançarinos, cantores e músicos, vestidos com roupas típicas, apresentando o autêntico folclore do Peru. Eu e a Lu curtimos muito aquele momento, embaladas pela música, pela dança (e pelo pisco sour!). Assim o dia fechou com chave de ouro.
Caminhamos poucos quarteirões e já estávamos de volta ao Pariwana. Nos organizamos e fomos logo dormir nas nossas camas no dormitório coletivo. Afinal, nosso dia começaria bem cedo no dia seguinte, ainda no escuto: às 4 da manhã acordaríamos para nos preparar e aguardar a chegada da van. Um dia inteirinho cheio de desafios e emoções nos esperava. Tema para o próximo post…